sábado, 7 de fevereiro de 2009

Cat Power faz show em silêncio.

Essa história de escrever com frequência vira balela depois de um tempo. Dá preguiça demais. Mas quando me vejo de frente com a necessidade de fazer Homework pra segunda...bem, aí tudo parece mais interessante.



Começando pelo meu primeiro show do ano: Cat Power, Cantora que curto muito já faz um bom tempo. O estilo dela vacila bastante, é fato. A carreira é tudo, menos linear;Começou com dois albinhos Lo-Fi, ficou mais Pop, clássica, blues. Isso tudo sem contar nos covers doidos que ela faz. Somando a instabilidade musical, vem a instabilidade emocional, alcool e cigarros, esquizofrenia, temporada mendigando pelas ruas de Atlanta...que óbvio, contribui para uma mistura perfeita.

Mas o que sempre me chamou atenção nessa cantora de voz rouca foi a personalidade. Nunca vi igual. Adoro suas composições, que embora não sejam seu forte, são de uma originalidade absurda. Acho que nunca vi alguém com tanta coragem de expor suas influências como ela faz escrevendo uma porção de músicas em homenagem a seus ídolos. minhas preferidas são as alusões a Kurt Cobain como por exemplo na linda "I don't blame you", onde ela infantilmente compreende Kurt e todo seus problemas na infância.

Acho que é essa característica meio psicopata infantil que sempre me agradou nela. E o show, o imprevisível show, definitivamente foi cheio disso. A começar pelo atraso incomum, seguido de um palco sem iluminação alguma. Pra completar a falta de luz que parece acidental, vem o fato de que a Chan é exageradamente introspectiva, e não contente em só cantar pra ela, passa a maior parte do show escondida atrás das caixas de som. A coisa é tão doida que inúmeras vezes ela chegou com o microfone perto da caixa ao ponte de fazer aqueles barulhos de inteferencia insuportáveis. E numa atitude super rockstar, ela sempre pedia desculpa quando isso acontecia.

A set list foi bem decente. Agora...ela mudava tanto as músicas que algumas (pra não dizer todas) ficavam irreconhecíveis. Mudava os arranjos, os ritmos, as letras...fazendo com que o show fosse um espetáculo a ser assistido...bem pouco interativo. Prova disso foi quando ela veio pra galera (e se jogar na galera parece lei aqui em NY). Não tinha nenhum engraçadinho se jogando na Chan, desmaiando, tirando fotos, ou cantando junto usando toda a capacidade pulmonar. Pelo contrário...todo mundo estava de fora, assistindo em transe a caminhada da Chan no meio do público, como se estivessem com medo de fazer um movimento muito brusco e estragar o momento. Ela parou do meu lado. Ficou pertinho mesmo, e por um bom tempo. Deu até pra sentir o perfume cítrico dela.


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O resto continua o mesmo. Oakdale não mudou muito, nem Manhattan. O que é bom. Ou não. Sei lá.
Voltando da cidade, olhando pela janela do trem, me deparei com uma velha música do Belle and Sebastian que é a mais nova música a complementar minha alma. Pelo menos no momento. Mas esse que é lado bom de gostar de bandas velhas que já lançaram milhões de cds e que tem bilhões de lados b. O lado ruim é nunca virar especialista mor...mas essas tardias descobertas compensam.
É difícil de explicar minha indentificação com B&S. É algo bem sutil. talvez a mistura de arrogancia com insegurança com ingenuidade que devem ser um dos meus principais ingredientes (hi hi hi). ou o sarcasmo quase incompreensivél. ou talvez o tema, a situação. Essa "Act Of The Apostle II" por exemplo, fala sobre uma coisa bem momento-confuso-em-'college'. Fala sobre a necessidade de crescer, e de ter todas as condições para isso -vontade, tempo e competência. Mas o quanto é preciso tomar atitudes, por a mão na massa, assumir riscos, e fazer tudo isso sozinho. E é...as coisas podem ficar confusas ao ponto de uma caminhada, ou uma volta sem rumo de trem parecer a única saída pra esfriar a cabeça.


ACT OF THE APOSTLE II

I'm bored out my mind
Too sick to even care
I'll take a little walk
Nobody's going to know
I'm in senior* year
It gives you a little free time
I'll just use it all at once!

Took the fence and the lane
The bus then the train
Bought an ‘Independent' to make me look like I got brains
I made a story up in my head if anybody would ask
I'm going to a seminar!

I'm a genius
A prodigy
A demon at Maths and Science
I'm up for a prize
If you gotta grow up sometime
You've to do it on your own

I don't think I could stand to be stuck
That's the way that things were going

* Tá!tá! Eu ainda sou Junior!