quinta-feira, 15 de novembro de 2007

9 Canções

Se tem uma coisa na sétima arte que me arrepia é quando um filme se propõe a mostrar um coisa, e mostra essa coisa do mesmo ponto de vista o tempo todo.
Okay, vou tentar ser mais...clara.
desde que conheci, ou melhor, entendi Sofia Coppola(do meu jeito) me apaixonei por esse tipo de cinema que se concentra na arte de nos fazer ver o mundo através de um único ponto de vista. a arte de nos fazer perceber uma sensação, explorando um único sentido...
tipo...

Lost In Translation
e sua constante insistencia nos dialogos desincronizados. o tempo todo percebemos a dificuldade de comunicação que leva os protagonistas a uma certa solidão.
Tá. é muito fácil apreciar essa 'dificuldade se interação' com o mundo quando a Charllote(Scarlett Johansson) se sente insegura em seu casamento, ou quando Bob(Bill Murray) tem que encarar uma esposa desagradável que só pensa na cor do carpete da casa deles. ou ainda chega até a ser engraçado, quando eles ficam perdidos no meio da língua japonesa, rende boas risadas.
Mas é difícil, quase doloroso,beirando o insuportável aguentar esse buraco de falta de expressão nas cenas cheias de dialogos, cheias de intimidade.

Eu sinto que estou me distanciando cada vez mais de meu ponto, mas veja bem; se eu, Tamiris R. Diversi, leiga que sou, fosse fazer um filme, eu mudaria o ponto de vista, o 'tchan' do filme de acordo com a intenção da cena; vozes bem nítidas nos momentos 'dialogos profundos', música linda romântica nos momentos 'oh,eu te amo', frases de impacto nos momentos de despedida, e assim por diante...;e meu filme seria óbvio! e desprovido de arte, tipo uma Malhação.

Mas Sofia Coppola (que aliás, será o nome de minha filha) faz arte! ela mantém o mesmo ritmo, a mesma proposta o tempo todo. existe a dificuldade de comunicação em absolutamente todas as cenas; Bob e Charlotte estão no meio do dialogo mais profundo que já vi na história do cinema, questionando da forma mais bela o sentido de suas vidas e -PUTA QUE PARIU!!!!- ainda existe um abismo gigantesco entre suas palavras. as frases não se interconectam, um Non-sense total;
e as cenas românticas dos dois? o amor existe, a quimica existe, mas...Sofia consegue fugir do óbvio mantendo a falta de entendimento até no momento mais íntimo que pode haver entre duas pessoas-e sim, Bob Brincando com o pé de charlotte é a cena de sexo mais explícito da atualidade; e pra terminar com chave de ouro esse filme que mais é uma celebração da solidão no meio de uma multidão, Bob diz a Charlotte a frase mais importante do filme e- PUTA QUE PARIU DE NOVO!!!!!- a gente não faz ideia do que ele falou. e quer saber o que acho? acho que tão pouco faz Charlotte.
É....isso é arte!

* * *
E tudo isso foi pra falar de 9 Canções. Filminho que a crítica fez um estardalhaçozinho uns anos atrás.
tudo isso pra dizer que gostei sim de 9 canções. pois o filme faz o que propõe: sexo, boa música, e uma fotografia linda.
e a gente tem vontade de gritar, chorar, implorar pra que os personagens sentem e resolvam seu relacionamento. a gente necessita ouvir um "Eu te amo"!
Mas tudo que o filme nos oferece é sexo, boa música e uma fotografia linda.


"-You look ugly.
-'trying to look ugly.
-You look stupid.
-'trying to look stupid."



Além do mais...9 Canções seria o perfeito exemplo de "pesada leveza do vazio que pesa sobre nossas vidas".


(sem contar com o show do Super Furry Animals, né!)

2 comentários:

Diego disse...

Continua sendo vazio para mim..não é preciso sempre explicitar um ponto de vista, nem brincar de sutilezaz, mais nem toda simplicidade é correta..de acordo comigo claro! hehehehe

beijos Tami

Anônimo disse...

Pq será que esse filme mexe tanto com vc ???:)
Mi,continue escrevendo sempre,vc tem uma visão sempre muito profunda,cheia de conteúdo...
Te amo!