Quando se trata de Gus Van Sant me pego dividida e bem em cima do muro. Posso elaborar argumentos mirabolantes tanto contra quanto pró: Ao mesmo tempo que me irrito absurdo com a pretenção do cara, me sinto intrigada....e como gosto de pensar que só me intrigo com filmes que vão além de bobagens pretenciosas pseudo-cult, amo Gus Van Sant e espero mais que ansiosamente por seus novos trabalhos (sendo a adaptação de On The Road, com Johnny Depp no elenco, o primeiro da lista).
Mas Paranoid Park nem chegou a me deixar dividida. Não sei se tenho esse direito, mas diria que finalmente o diretor atingiu sua maturidade artística quando se tratando de obras paradas, com ângulos esquisitos e trilha sonora ativamente participativa.
E grande parte dessa 'maturidade' vem do bom desenvolvimento do roteiro que funciona magestralmente desconstruindo a história e se afastando dos fatos principais pra nos permitir entender o que realmente estava acontecendo.
O filme conta a história de Alex, um menino Skatista que acidentalmente, numa brincadeira inconsequente, mata um homem. E não preciso nem dizer que o filme não tem começo, e nem fim. E que nada acontece...
Uma hora e vinte e poucos minutos do desespero, ou melhor, de apatia. E sim...a gente sente na pele o sofrimento de Alex, que de tão grande faz tudo ao seu redor parecer sem importância. E é aí que os exageros cult-forçados de Gus funcionam. Nos mostrando através de closes embaçados, e de músicas mais altas que os diálogos quão longe de sua própria vida Alex está.
Poderia até dizer que o excesso de slow motion, e uso de diferentes tipos de camera são um ponto fraco no filme...mas teria que me redimir e dizer que a música Angeles, do Elliott Smith, usada não para embalar, mas sim para comentar uma das cenas....é de arrepiar.
***
Antes mesmo de assistir Paranoid estava pensando no quanto a sociedade americana(e acho que deveria me incluir nessa) é obcecada por Reality Shows-America's next top model, Girlicious, Project Runnaway, Big Brother, America's best crew, American Idol, shot at love, made..só citando os que eu assisto-que mostram a vida de uma forma intensa, rápida e cheio de julgamentos e psicologias baratas.
Tá...A sábia Grace já disse uns 3 anos atrás em Once and Again que "a televisão só serve pra jogar na nossa cara aquilo que nunca poderemos ser"..
Mas mesmo sabendo o motivo dessa inversão de nomes e valores não consigo parar de pensar em como a vida corre tão 'slow' e é mostrada tão de perto em alguns filmes enquanto ela é vista tão 'speed up', longe e artificial nos reality shows.
domingo, 9 de março de 2008
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