quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Dia do Peru.

É fato que sou fissurada pelas coisas bobas que acontecem quando você entra num carro sem muito destino certo. Mas meu, acho que todo mundo seria se soubesse a preciosidade da falta de compromisso motivada pela simples vontade de matar o tédio.
O plano de ontem? sei lá, sair de Columbus.
Tinha jogo do Peru, meus amigos são peruanos..por que não assistir o jogo num restaurante temático do país?
E nessas horas, não ligar pra Futebol e não comer comida peruana (peixe, ou frango com gosto de peixe) vira detalhe.

A aventura começou tranquila. e foi tranquila durante os primeiros trinta minutos, que depois já caimos num trânsito de deixar qualquer pessoa stressada. menos a gente...porque a gente tinha todo o tempo do mundo.

Fizemos o percurso de Columbus a Atlanta em tres horas, depois rodamos mais umas duas horas, perdidas...
Enfim achamos o restaurante, que não decepcionou no quesito 'decoração típica'. e não, isso não é uma boa coisa.

O local, além de não ser dos mais agradáveis - fedido, escuro, paredes vermelhas - cobrava dez dólares por cabeça, só pra sentar na mesa. Foi enquanto discutiamos esse absurdo que o Ecuador marcou o terceiro, de uma avalanche de gols, que serviu pra nos ajudar na decisão de que os 10 dólares de entrada não valiam a pena.

Fomos por centro da cidade. e Atlanta é incrível! Linda! Cheia de restaurantes legais, bons e baratos. Comemos uma baita de uma pizza deliciosa numa fodástica cantina italiana.
O único ponto negativo da noite foram as moedas disperdiçadas com a 'área azul americana', quando o restaurante tinha estacionamento grátis.

depois, seguindo instruções por telefone de um GPS, encontramos os meninos num apartamento distante, do amigo do Luis. e por lá ficamos, nos divertindo...até a Diana perceber que trancou o carro, e esqueceu a chave do mesmo dentro.
tentamos de tudo:outras chaves, arame, abaixar a janela a força, arrombar a porta....mas a verdade é que nossas habilidades bandidas são pouco desenvolvidas.
só que o carro dela era o último da garagem, estava bloqueando os outros dois carros estacionados.precisavamos dar um jeito nessa situação.
ligaram pro chaveiro, que meia noite, véspera de Thanksgiving cobrou 60 dólares pelo serviço. e antes que pudessemos dizer 'que abuso!!!' ele aumentou o preço pra 100.
sai bem mais barato quebrar a janela. e bem mais divertido.

Minutos depois, com a janela quebrada, quando tudo parecia estar resolvido, os dois outros carros na garagem - do David e do Bruno - se chocam numa manobra mal sucedida. e lá se vai mais uma hora de discussão em espanhol para colcluirem que o melhor seria resolver o problema (um arranhãozinho de nada) no dia seguinte.

A boate latina estava fechada, a outra boate latina também. e nas outras nào entram menores de 21. já era tarde mesmo. comemos no Steak'n'shake e voltamos pro apartamento.

Chegando lá, Diana percebe que todas as coisas de dentro do carro dela tinham sumido. nada de precioso..mas todos os cadernos cheios de trabalhos da faculdade. suficientemente surtável.
Mas antes de ela surtar, notamos um bilhetinho no carro dizendo algo do tipo: "percebi uma movimentação estranha na casa e vi a janela do carro quebrada, portanto tirei todas as coisas de dentro dele, pra que nào sejam roubadas. ligue no celular do Frank".
fomos dormir um pouco mais aliviados, pensando 'who the fuck is Frank?'

Acordamos cedo.nada do Frank. estava chovendo. e a janela do quebrada perfeitamente tampada com saco plástico e fita isolante. intuitivamente sentimos que Frank era confiável e caridoso.
e estavamos certos. ele apareceu um pouco depois das dez. era tipo o zelador do bairro.trouxe os pertences da Diana todo preocupado, achando que tinhamos sido roubados ou algo do tipo.
explicamos a situação e ele nos disse: "Ué! Por que não me ligaram ontem? Eu podia abrir a porta do carro pra vocês!". se podia ou não , não sei. mas estavamos feliz que tudo terminou bem. e encaramos contente as tres horas de estrada com trânsito de volta pra Columbus.

de novo, foi divertido.

***

não sei porque tive vontade de baixar a Trilha sonora daquele filme do Wes Anderson, Vida Marinha Com Steve Zissou.
Seu Jorge cantando versões em português das músicas do David Bowie.
Passa longe de ser bom, mas é bem gostosinho de ouvir...

sábado, 17 de novembro de 2007

Ele.

Ele me faz ver o mesmo filme bobo duas vezes. me faz ouvir Gang of Four e Depeche Mode. me faz conversar com pessoas que não gosto. Ele me faz querer mudar. me faz querer gritar. me faz beber cerveja.me faz falar Rubísh em vez de Rúbish. Ele me faz gostar de política. me faz gostar de meninos com cabeça raspada e de cheiro de cigarro. me faz sentir amadora quando conta dos vídeos de seus amigos. me faz odiar toda festa que vou e que ele não está. Ele me faz falar.

Ele me faz gagueijar e dizer coisas idiotas. me faz cheirá-lo. me faz massagea-lo. me faz viver imaginando dialogos imaginários. me faz sentir estúpida e infantil.

Ele me põe pra cima, depois me joga pra baixo,e sem perceber. me impressiona com seu discurso anti 'avarageness'. me deixa com ciúmes e me consola, dando a entender, sem receio nenhum, que tem ciumes tambem.

Ele me convida pra ir no apartamento dele. me convida pra ir ao cinema. me convida pra ver as estrelas no planetário da faculdade. mas não faz esforço nenhum pra que isso aconteça.

Ele me liga nos fins de semana, me convida pra beber alguma coisa, mas em momento algum diz que quer que eu vá.

Ele me deixa confusa. me faz preferir um fora a essa situação. Mas ele me deixa sem ação, parada no tempo, perdidinha da silva!




Usando novamente a brilhante frase de Dwayne, em Pequena miss Sunshine:
FUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUCK!

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

9 Canções

Se tem uma coisa na sétima arte que me arrepia é quando um filme se propõe a mostrar um coisa, e mostra essa coisa do mesmo ponto de vista o tempo todo.
Okay, vou tentar ser mais...clara.
desde que conheci, ou melhor, entendi Sofia Coppola(do meu jeito) me apaixonei por esse tipo de cinema que se concentra na arte de nos fazer ver o mundo através de um único ponto de vista. a arte de nos fazer perceber uma sensação, explorando um único sentido...
tipo...

Lost In Translation
e sua constante insistencia nos dialogos desincronizados. o tempo todo percebemos a dificuldade de comunicação que leva os protagonistas a uma certa solidão.
Tá. é muito fácil apreciar essa 'dificuldade se interação' com o mundo quando a Charllote(Scarlett Johansson) se sente insegura em seu casamento, ou quando Bob(Bill Murray) tem que encarar uma esposa desagradável que só pensa na cor do carpete da casa deles. ou ainda chega até a ser engraçado, quando eles ficam perdidos no meio da língua japonesa, rende boas risadas.
Mas é difícil, quase doloroso,beirando o insuportável aguentar esse buraco de falta de expressão nas cenas cheias de dialogos, cheias de intimidade.

Eu sinto que estou me distanciando cada vez mais de meu ponto, mas veja bem; se eu, Tamiris R. Diversi, leiga que sou, fosse fazer um filme, eu mudaria o ponto de vista, o 'tchan' do filme de acordo com a intenção da cena; vozes bem nítidas nos momentos 'dialogos profundos', música linda romântica nos momentos 'oh,eu te amo', frases de impacto nos momentos de despedida, e assim por diante...;e meu filme seria óbvio! e desprovido de arte, tipo uma Malhação.

Mas Sofia Coppola (que aliás, será o nome de minha filha) faz arte! ela mantém o mesmo ritmo, a mesma proposta o tempo todo. existe a dificuldade de comunicação em absolutamente todas as cenas; Bob e Charlotte estão no meio do dialogo mais profundo que já vi na história do cinema, questionando da forma mais bela o sentido de suas vidas e -PUTA QUE PARIU!!!!- ainda existe um abismo gigantesco entre suas palavras. as frases não se interconectam, um Non-sense total;
e as cenas românticas dos dois? o amor existe, a quimica existe, mas...Sofia consegue fugir do óbvio mantendo a falta de entendimento até no momento mais íntimo que pode haver entre duas pessoas-e sim, Bob Brincando com o pé de charlotte é a cena de sexo mais explícito da atualidade; e pra terminar com chave de ouro esse filme que mais é uma celebração da solidão no meio de uma multidão, Bob diz a Charlotte a frase mais importante do filme e- PUTA QUE PARIU DE NOVO!!!!!- a gente não faz ideia do que ele falou. e quer saber o que acho? acho que tão pouco faz Charlotte.
É....isso é arte!

* * *
E tudo isso foi pra falar de 9 Canções. Filminho que a crítica fez um estardalhaçozinho uns anos atrás.
tudo isso pra dizer que gostei sim de 9 canções. pois o filme faz o que propõe: sexo, boa música, e uma fotografia linda.
e a gente tem vontade de gritar, chorar, implorar pra que os personagens sentem e resolvam seu relacionamento. a gente necessita ouvir um "Eu te amo"!
Mas tudo que o filme nos oferece é sexo, boa música e uma fotografia linda.


"-You look ugly.
-'trying to look ugly.
-You look stupid.
-'trying to look stupid."



Além do mais...9 Canções seria o perfeito exemplo de "pesada leveza do vazio que pesa sobre nossas vidas".


(sem contar com o show do Super Furry Animals, né!)

terça-feira, 13 de novembro de 2007

A Brincadeira

"O otimismo é o ópio do Gênero humano. O espírito sadio fede a imbecilidade"

"Minha desemelhança não era percebida senão por mim, invisível que era para os demais."

"Queria realmente carregar minha falta de semelhança; continuar a ser aquele que haviam decidido que eu não era."

"possuo um pequeno sistema que funciona bem, um fusível de pudor, que impede que eu me desnude demais diante das pessoas, revelando meus sentimentos."

"Sim, ela se julgava 'séria', identificando essa qualidade com seu prazer em ir ao cinema."

"Trata-se do imaginário. não sei porque deveria abandoná-lo. sem isso, me sentiria orfão."

"não tenho direito de renunciar ao mundo real, embora nele perca tudo."

"senti a pesada leveza do vazio que pesava sobre minha vida."

"idade lírica (juventude) em que somos a nossos olhos um enigma grabde demais para que possamos nos interessar pelos enigmas que estão fora de nós"

"Vivemos em um mundo devastado; e porque não sabemos nos apiedar dele, nos desviamos, agravando assim a sua infelicidade e a nossa."

**
Por que será que toda vez que termino um livro do Milan Kundera penso : 'esse é o melhor livro que já li em todo minha vida!' ?

Provavelmente porque ele escreve sobre o momento em que tudo se desmorona na vida da gente. os amores, os ideais, os valores, a cultura...o momento em tudo que acreditamos deixa de fazer sentido, nos vemos absolutamente perdidos. e de tão perdidos nos sentimos LIVRES, e numa paz interior que nunca vivenciamos, nem mesmo quando tinhamos certeza de que tinhamos nos achado.

Ou ainda porque ele mostra a vida por diferentes focos, dissecando personagens opostos entre si. mas no final das contas, percebemos que todos esses personagens nada mais são que partes de nós mesmos. que são todos a mesma pessoa, que são todas as pessoas. e então passamos (eu, pelo menos) a nos entender melhor.

Ou mesmo porque ele escreve de um jeito que nos permite atuar e observar várias histórias e por todos os ângulos. e ainda por cima sem perceber as mudanças de foco.

**
O fato é que a vida é uma brincadeira. Basta uma piada sem graça, uma injustiça que te deixa puto, uma falta de compreenção, um desentedimentozinho...e lá se vão 15 anos. lá se vai seu passado. e você tem que viver num presente determinado por um acontecimento pequeno, as vezes um erro, coisinha de nada.
E o que fazer então, hein, Hein, hein??

**
Alguém pode me explicar como que o mesmo diretor dos maravilhosos "Volver" e "Fale Com Ela" conseguiu fazer o constrangedoríssimo "Matador"?

**
O que há de errado comigo?Ando ouvindo as músiquinhas alegres e otimistas do Belle and Sebastian!!!!

"Well, my heart has fallen down. Thought I'd talked myself around. But to be myself completely I've just got to let you down "

E Of Course que esse 'You', em minha interpretação doentiamente pessoal, poderia ser um 'I'.

**
É, tô confusa hj.

sábado, 10 de novembro de 2007

Sobre ontem...

OUÇA (E NÃO ASSISTA) ANTES DE LER AS CONFISSÕES ABAIXO


When I look at you
Oh, I dont know what's (true)
Once in a while
And you make me laugh

And I'll see (you) tomorrow
And it won't be long
Once in a while
Then you take me down
Then you walk (away)


When you say I do
Oh, I don't (believe) you
I can't forget it


When you sleep tomorrow
And it wont be long
Once in a while
When you make me smile

*****
Como diria Dwaine, em Pequena Miss Sunshine:
FUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUCK!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

domingo, 4 de novembro de 2007

DESENVOLVIMENTO DA MINHA MAIS NOVA TEORIA DE VIDA



Confesso que minha classe de Sociologia mexeu bastante comigo. não que eu tenha em algum momento levado ela a sério, mas ando me divertindo bastante com o absurdo que é analizar a humanidade cientificamente através de hipoteses e suposições.
E essa minha nova diversão, junto com a nova mania de ler Blogs, e com minha eterna e preferida crise 'Lost In Translation'* gerou uma teoria pra explicar as dificuldades de relacionamento da humanidade. ou as minhas mesmo.

Se tem uma coisa que sempre desejei no mundo, que deixaria minha vida muito mais fácil, é conseguir demonstrar meu afeto pelas pessoas do mesmo jeito que demonstro meu afeto pelos cachorros, é conseguir ser tão autêntica com as pessoas como consigo ser autêntica com cãezinhos.
SÉRIO!NÃO ESTOU MENTINDO E NEM EXAGERANDO. variadas vezes peguei minha voz-terapêutica-interior me dizendo, enquanto acariciava a barriguinha da Babette: "você deveria ser assim o tempo todo e com todo mundo".
Okay, é meio patético. mas com a Gaya e com a Babette eu sou realmente eu, mostro meus sentimentos de verdade. Abraço quando tenho vontade de abraçar, fico perto, face-a-face sem constrangimento, falo que nem retardada, grito, canto,e assopro sem medo.
mas com pessoas...NÃO CONSIGO!
e Sempre me perguntei POR QUÊ?
A resposta me veio hoje (ou ontem?), após ler um post sobre esse "desvio de afetos" num outro Blog; é por que É BEM MAIS FÁCIL DEMONSTRAR NOSSO AFETO QUANDO A GENTE NÃO TEM MEDO DE DECEPCIONAR.

não tem nada a ver com amor -incondicional, maior ou menor- ou carinho, ou confiança...NADA!
Tem a ver com decepção, insegurança e intimidação. e é por isso que apresentamos nossas diferentes faces de acordo com quem nos relacionamos. é por isso que fazemos mais carinho nos nossos cachorros que em qualquer membro de nossa família, porque cachorros não nos oferecem nenhum perigo,e porque não oferecemos nenhum perigo a eles.

se eu faço um carinho que a Baba não goste, ela simplesmente rosna e deita numa outra posição. sem maiores contrangimentos ou máguas. se o peso dela faz meu braço dormir, eu simplesmente a empurro pra fora do sofá, ela dá meia volta e deita em cima do meu outro braço. sem remorso, e sem medo de ser rejeitada de novo.

Já com pessoas...ah, com pessoas tudo complica. Algumas pessoas intimidam the hell out of us. Por causa de personalidade, estilo de vida...ou qualquer outra coisa que nos faz diferentes uns dos outro. umas intimidam mas do que as outras. mas o fato é que intimidam, e intimidação DÁ MEDO!

Isso explicaria porque a gente as vezes é mais próximo do pai que da mãe, ou da mãe que do pai. Porque nos abrimos mais com um amigo que com outro. Porque conseguimos falar tudo o que pensamos prum namorado, mas travamos completamente com outro. Porque uma mãe mima mais um filho que outro...e assim vai.

O legal, ou melhor, o problema disso tudo é que como nada disso tem a ver com amor, as vezes a gente faz umas cagadas monstro irreversíveis. Construimos uma intimidade falsa com pessoas que não gostamos, nos afastamos de pessoas que amamos muito, ou até perdemos oportunidades de por pessoas que odiamos no lugarzinho baixo delas.
ou seja, agimos da forma errada com a pessoa errada, ou da forma errada com a pessoa certa, ou até mesmo da forma certa com a pessoa errada, mas nuuuuuuuunca, nuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuunca da forma certa com a pessoa certa.

Começo a achar que esse problemas não é só meu ....

A verdade é que somos todos poéticamente fodidos!



*Crise 'Lost in Translation'= "I'm stuck. Does it get easier?"