quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Obama e Billy Corgan.

Pra qualquer um com uma mínima pseudo-consciência política no Brasil, é preciso, mais do que necessário, odiar os Republicanos.
E de fato todos as principais ideias ligadas ao partido do elefantinho vermelho - guerra, arma, planos de saúde visando lucro financeiro, mentiras, burguesia, blá blá blá- são dignos de ódio.

Mas é preciso ser realista, certo? E olhando pras coisas de um ponto de vista mais crítico, me vejo numa emboscada danada, odiando McCain visceralmente mas discordando radicalmente da campanha do Obama e temendo pela classe média alta americana.

Primeiro pelo método de campanha adotado pelo Obama. Ou melhor, pelo método democrata em geral. Que em resposta aos 8 anos de Bush, o homem mais medíocre do mundo no poder, aderiram a políticia do terror. desde sempre eles vem cantando que os Estados Unidos está para explodir. Taxes, aposentadoria, plano de saúde...tudo virá abaixo e metade da população vai viver pra sempre na miséria e blá blá blá....
Até que a tática funciona, afinal, tudo na vida tem altos e baixos, e quando a gente tá no alto ( e os Estados Unidos ficaram no alto por muito tempo), a gente só pensa no tamanho da queda, que sim, seria e foi bem grande.
Agora, pensando na economia, por exemplo: Se vc mete medo na população, mete medo nos investidores internacionais, mete medo em todo mundo, o que vai acontecer? Hein Hein Hein? vai todo mundo ficar com medo(Dãããr!), ficar inseguro, cortar investimentos e tirar dinheiro do mercado mesmo antes de tudo começar a ficar ruim.
Sim...um dos motivos que causaram a explosão economica por aqui foi a insegurança, a falta de confiança no mercado americano, e eu acredito que as ameaças democratas tenham sido de grande influência pra essa insegurança.

Outras coisa que não me deixa muito animada são os planos do Obama. O que ele disse que ia fazer com os Taxes é de um nonsense absurdo! É literalmente fazer o rico pagar mais, pegar o dinheiro do rico e dar, assim de graça, pros pobres. É redistribuição de renda! ( e depois ele não quer ser chamado de socialista pelos ricaços caipiras sulistas)
As propostas dele pra reerguer a economia também...giram em torno de muita 'regulation'. O que basicamente significa que o governo vai estar sempre metendo o dedo onde não é chamado, fazendo regrinhas tolas, e acabando com a política de Free market ( que sim, eu sou super a favor!).

na verdade, quando a gente ouve essas ideiazinhas socialistas, a gente fica super animado, e tende a simpatizar. Mas está mais do que provado pela história que socialismo não funciona, por motivos ideologicos e principalmente por motivos economicos. Prova disso são os países europeus, que embora sejam mais ou menos socialistas economicamente(muitamuita regulation), sofreram muito com a crise dos States, provando depender do Free market capitalista. E pior que isso, enfrentam hoje um nível de desemprego fora do normal.

Fennie May e Freddie Mac também estão aí pra nos abrir os olhos. As duas maiores companhias de empréstimo mobiliário quase faliram e levaram o mundo inteiro com elas pro ralo. E essa falha gigante surgiu de uma ideia (democrata, na era Clinton) super bonitinha de que todo americano tinha o direito de ter uma casa própria (mesmo sem poder pagar por ela), e de uma série de erros bizarros pelos caras a frente das companhias, sendo um deles, o principal homem da economia do Obama!!!!

Mas calma! Eu só me divirto atacando o Obama porque nessa eleição os republicanos falaram por eles mesmos. A dupla McCain e Palin são tão ridículos que nem merecem consideração, embora economicamente mais pé no chão.
E é preciso dizer que foi de arrepiar ver a alegria, e a supresa dos americanos quando o primeiro presidente negro foi oficialmente eleito. Os negros comemoraram como se fosse reveillon, e os brancos, embora alegres, pareciam não acreditar que aquilo realmente estava acontecendo.

Change We Need

***

mas vamos falar de coisas legais!SMASHING PUMPKINS!
Sim, eu Tamiris, os vi ao vivo. E cara, sempre dei Smashing Pumpkins como terminados, acabados...Billy Corgan me provou o contrário. Ele provou que é o Smashing, e que o Smashing é ele! E deu pra entender bem porque ele egoistamente sempre registrou todas as músicas em seu nome, e porque sua Interessante carreira solo e o genial Zwan nunca deram certo. Billy no alto de seus 3 metros mostra uma alegria imensurável cantando os velhos sucesso dos Abóboras. E surpreende a cada momento com sua atitude rock'n'roll e sua voz super forte! É vendo pra crer!
O show foi foda! Iluminação incrível, set list perfeita!
Começaram com as músicas novas, que embora longe de clássicas, são uma delícia ao vivo.
Terminaram essa primeira parte, aliás, com a ótima United States. E no finalzinho da música, Billy tomou a frente do palco e tocou o hino americano com a guitarra na costas, meu! Fodástico!

Depois numa conversa com o público soltou um : "sorry, I don't speak New York. I speak Obama"
What the hell is that supposed to mean?????

A segunda parte do show foi de tirar o fôlego...tocaram Mayonnese e Tonite,Tonite uma seguida da outra. você tem noção do que é isso? As duas músicas mais fortes da história em sequência? Acho que meu coração parou, ou acelerou e depois se comprimiu e depois explodiu! Foi lindo. Sem contar com as luzes vindo do palco como se fossem estrelas caindo..igualzinho no clipe!Ual!
Também tocaram as lindas calminhas do Adore numa formação a la Arcade Fire. Coisa mais linda do mundo!

A última parte foi Heavy metal! provando que eu, Tamiris, gosto sim de rock. E de novo a iluminação (perfeitamente perceptível naquele teatro e/ou igreja onde foi o show) foi única, com uma luz fortíssima jogava violentamente contra os olhos do público como que dizendo: "se não aguenta o peso, vai embora!".
E Billy finalizou o show com uma longa, e estranha conversa com o povo. dizendo que todos nós éramos lindos!

"and the message is, if there is a message, that you are beautiful!"

Pra completar, depois do show, o metrô estava completamente tomado por fãs comprimidos do Smashing Pumpkins. Dammit, I love New York!

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Filmes e o resto...

Filmes:

Bem...o lado bom dos últimos dias é que ando vendo bastantes filmes. Portanto resolvi fazer um curto resumo das minhas opiniões; só pra deixar registrado, ler de vez em quando, e tentar me contradizer um pouco menos...que demoro séculos pra decidir se gostei ou não gostei de um filme,ou até mesmo pra dizer se o filme vale a pena ou não.
Enfim...

Nick And Norah's Infinite Playlist: Depois do sucesso de Juno, Superbad, Knocked Up e derivados, parece que reolveram ir direto ao assunto e fazer um filme total indie: com história Indie, atores indies,e mta banda indie boa na trilha. Tinha Tudo pra ser uma delícia de filmezinho com muito a acrescentar à cultura pop. Acontece que esqueceram que indie nada tem de comercial, e quiseram fazer um filme muito, mas muito comercial e babaca. Péssima combinação! erro total no trajeto. Saí do cinema com as mãos abanando, sem nenhuma conversinha indie sobre bandas que só eu conheço pra me deixar feliz. Até Sexta -Feira Muita Louca, com a Lindsey Lohan e feito pela Disney tem diálogos mais interessantes. Zero estrelas, porque nem reconheci a música do Vampire Weekend.

My Best Friend's Girl: tenho que confessar...ri demais nesse filme! Pra provar que não sou tão chata/arrogante, e o quanto sou capaz de apreciar um filminho comercial feito pra quem vai no cinema em grupo e faz guerra de pipoca. Tres estrelas, porque embora divertido, não dá pra dar mais que isso.

Vicky Cristina Barcelona: Woody Allen é o melhor escritor do mundo! tem o melhor humor do mundo! E tem o melhor jeito do mundo de ver o mundo! Ele tem um jeito leve, meio tragico-comico de mostrar que, oh welll, as pessoas nunca mudam. Vicky Cristina Barcelona é um filme sexy e dilicioso, que em momento algum nos faz sentir mal, ou questionar nossa vidinha miserável nos colocando no lugar dos personagens...mas que no fim das contas, tem uma 'moral da história' realista e triste. e muito, muito comodista. Quatro estrelas, porque me fez questionar, mas não me fez sentir vontade de mudar.

Bilndness: Primeiro que é de cegar visualmente! Literalmente mesmo! Fotografia óbvia, mas eficiente e muito, muito incômoda. Segundo que Fernando Meirelles prova que é um Ridley Scott do Brasil. faz cinema redondo, cobrindo todos os pontos básicos. mescla o forte e o agradável na medida certa. Ou seria melhor dizer, o muito forte e o aguentável? Mesmo antes de Blindness, sempre admirei o Meirelles por essa capacidade de dar ao espectador uma escolha: a de ir fundo no filme, e sentir nas entranhas seja lá qual for a sua dura mensagem. ou de assistir só, acompanhar a história , e apreciar um filme bem feito com as entranhas intactas. Acho que foi essa fórmula que deu tanto sucesso a Cidade de Deus, e ao (chato) Jardineiro Fiel. Quatro estrelas só, porque meu estômago aguentava mais.

Dans Paris: Sem dúvida o preferido das duas últimas semanas! Por 'n' motivos! Ultimamente as telas de cinema tem sido invadidas por filmes sobre o universo feminino. E não é por menos, as mulheres são fodas, mais inteligentes e já (!) dominam o mundo. Mas Dans Paris faz diferente, mostra o universo masculino, e aaaaaaaaaaaaah...como homens são bonitinhos! o filme mostra a masculinidade charmosamente deliciosa de uma família formada por um pai e seus dois filhos,Paul e Jonathan (Louis lindérrimo Garrel). E as tentativas absolutamente sem tato, do pai e de Jonathan de tirar Paul de uma depressão terrível. Tudo isso numa linguagem poética atípica no cinema, meio teatral/musical/experimental... mais uma das loucuras do diretor Christopher Honoré. Diretor esse, que em minha singela opinião, tem em Dans Paris sua obra prima. Sem abusar sexualmente do atores, sem situações irreais que nos fazem temer a falta de moralidade francesa, e com muita, mas muuuuuuuuita sensibilidade. Pra melhorar, Louis Garrel está esplêndido, confirmando seu talento absurdo, e logicamente seu charme irresistível.
Aaaaaah!Trilha sonora magnífica ( e já baixada)! Cinco estrelas, e merecia mais!

***
O resto:

  • NYC é o que há! Não existe explicação plausível pra sensação de caminhar pela Quinta Avenida, tomar sol no Central park, ou um café Starbucks no Time Square. Ainda mais com companhia brasileira. parece babaca, mas falar português no centro do mundo é único! Sensação incrível de que o mundo é meu, está aos meus pés. Sério!!! E aquele Times Square de noite. o que é aquilo? perdi a conta de quantas vezes olhei pra cima, de queixo caido pensando "uaaaaaaal". Outra coisa que me faz sentir bem comigo mesma tem sido a minha habilidade de pegar o metrô, e entender onde estou indo mesmo quando muito perdida. Mais duas idas pra city e vou conhecer Manhattan com a palma da minha mão.Juro!
  • School sucks! Todo dia quando acordo tenho que fazer uma lista de porque eu não posso faltar da aula. Se não fizer a lista não levanto da cama. Não sei se estudar que é chato, ou se o problem é estudar de manhã. mas a combinação dos dois me dá raiva de vez em quando. isso porque nem tem aula amanhã....
  • terminei Assim falou Zaratustra...livro pequeno mas difícil. E nem acho que seria redundante se escrevesse outro post sobre quanto Nietzsche é foda. mas estou com preguiça, e a coisa é complexa. Deixa pra outro dia.
  • Se eu tivesse um LastFm estaria passando vergonha agora. Pois meu LastFm apontaria Legião urbana como banda mais ouvida dos últimos dias. mas estou me acostumando com essas fases nostálgicas, e outra...Renato Russo é um puta dum Compositor.
  • CSS toca direto naquela nova MTVU. orguuuuuuuuuulho!

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Nietzsche.

Eu odeio estudar. É fato. Sei que preciso. E de todas as alternativas, acredito sim que o esqueminha mais liberal adotado pelos americanos casa mais minha personalidade. Desafiante. Talvez seja só a vida universitária , ou talvez não. Que já me peguei várias vezes desejando ter sido educada por aqui, me imagino fazendo parte do Debate Club. Acho que seria muito mais confiante nos dias de hoje.

Bem...mas toda essa introdução do "Eu odeio estudar..." pra dizer, felizmente, que acho que gosto de Economia. odeio todas minhas classes, menos as de Economia. E sério...pensamentos econômicos tem consumido muito de meu tempo, e me fazendo viajar mais do que o normal. Inclusive na quadra de tenis.

Enfim, tudo começou com o surgimento de Economia como uma ciência...Meu!Sabia que economia só surgiu com o capitalismo?
É! Economia só apareceu no mundo com a ascensão do capitalismo como sistema. e sabe porque?Hein hein hein?
Simples: antes do capitalismo o homem não precisava estudar seu sistema econômico (e eu não deveria usar essa palavra aqui), sua forma de governo, seu dinheiro ou divisão de bens. Tudo fazia sentido. Seja no feudalismo,socialismo ou na monarquia...era preto no branco!Fácil de entender.

Mas daí os homens começaram a se organizar de forma capitalista, e não conseguem entender o que os leva a se organizar desse jeito. precisavam de uma ciência pra entender isso. É o nascimento da economia.
O capitalismo é um sistema que claramente move a humanidade num caminho autodestrutivo: Sucesso significa pisar nos outros, nos desenvolvemos de forma a esquecer nosso passado, e literalmente estamos explodindo nosso planeta.
Como o Capitalismo sobreviveu e continua a existir é um mistério.E quanto tempo ele vai durar é um mistério maior ainda.
Só o tempo dirá...

(confesso que nunca havia pensado nisso...)

***

Outro intenso consumidor de pensamentos é Nietzsche.
"Nietzsche é tóxico!" (palavras de meu professor de economia.)
De longe ele parece um louco, doente mental com sérios problemas de relacionamento que vê tudo de forma pessimista, odeia a humanidade e tem um lado dark anti-cristo de dar medo.
Mas de perto....só alguém muito são, absurdamente inteligente e bem resolvido, amante da humanidade e de coração cristão poderia dizer o que ele diz.
Assim Falou Zaratustra é um presente para os homens. É forte sim, e nos força a encarar a verdade, sempre deixando como consolo a beleza de nossas fraquezas. Somos fracos, mentirosos e - não poderia concordar mais - somos animais que ajem por instinto. Mas não devemos nos envergonhar disso. Não devemos nos envergonhar de quem somos, de nossas entranhas, nossos desejos....

Afinal, vivemos num mundo incerto, feito de aparências que julgamos realidade. E por isso buscamos desesperançosamente por respostas que não existem. criamos outras realidades e outras dimensões pra não olharmos a verdade. A verdade de que o corpo material, e nossas impressões manipuladas do mundo são tudo o que temos.
E nesse ponto vejo em Nietzsche um gigante defensor do Carpe Diem. Não do Carpe Diem que aprendemos na TV onde aproveitar a vida é correr na chuva, andar descalço na grama e gritar palavrões do alto do penhasco. Mas do Carpe Diem realista. Se nossas mentiras sào tudo o que temos, o melhor a fazer é assumi-las. e vive-las aqui e agora. e assim seremos suficientes.

Pra Nietzsche, o mundo não tem sentido. razão não se aplica. Nossos julgamentios são todos errados e portanto ele também não acredita em moral. Moralismo nada mais é que uma baboseira imposta pela cultura ocidental.
And again...Ual!Eu não poderia concordar mais com ele. Ainda mais sabendo que embora a moral não exista, ele acredita (e muito) em valores.
And hey! Eu acredito em valores.

Pra piorar a situação..Nietzsche, deliberademente escrevia "difícil" pra que pouca gente o entendesse. So para os "especiais".
Que de fato, ele dizia verdades. Mas se todo mundo conhecesse essas verdades...aaaaaaah!O mundo seria um caos!

(Palavras do proprio Fritz. O problema é que não consigo deixar de gostar dessa história de ser uma das pessoas especias...)

Acho que posso me considerar uma Nietzscheana..o que provavelmente não é coisa boa. faz de mim ainda mais pessimista e arrogante!
Oh well...

domingo, 27 de julho de 2008

Folkizinho Cute-Cute

Kimya Dawson- The Competiton

I never wanted to be better than my friends
I just wanted
to prove wrong the people in my head
the ones who told me I'd be better of dead
the ones who told me that I would never win

when I delivered newspapers they said I was too slow
when I was a barista they said I made lousy foam
when I worked in retail they said I was a slob
much too dumb for school and much too lazy for a job

So I rode my bike like lightning
and I made cappuccinos that would make the angels sing
took two showers a day and I dressed up like a princess
shook my fist in my own face and said I'll show you who's the best

I wrote the kinds of papers teachers hang up on their walls
I was employee of the month at seven different shopping malls
and one time playing football I pulled the tendons in my leg
to prove that I was tough I hopped on one foot
and finished up the game

I thought if I succeeded I'd be happy and they'd go away
but first thing in the morning I'd still wake up and I'd hear them say
\"
you're fat, ugly, and stupid, you should really be ashamed.
no one will ever like you, you're not good at anything
\"

And sometimes I'd rise to the challenge
but other times I'd feel so bad that I could not get out of bed
and on the days I stayed in bed I sang and sang and sang
about how crappy I felt not realizing how many other people would relate

Now people send me emails that say thanks for saying the things they didn't know how to say
and the people in my head still visit me sometimes
and they bring all of their friends but I don't mind
I play my guitar like lightning

When I sing I like it when you sing too loud and clear
different voices different tones all sayin' \"yeah, we're not alone\"
I got good at feeling bad and that's why I'm still here
I got good at feeling bad and that's why I'm still here
I got good at feeling bad and that's why I'm still here



Eu não achei Juno brilhante. Mas achei o máximo a sacada de reviver o folk de uma forma muito fofinha e bonitinha e cute-cute.
E como exemplo aí está uma música da Kimya Dawson, música essa que segue a tradição folk: desafinada, e contanto uma história longa e inteira, com milhões de palavras descompassadas no mesmo verso.
Além do que, aprecio qualquer cançãozinha loser. Ainda mais se a letra decifrar exatamente o que acontece na minha cabeça 'auto-desconfiante', cheia de pessoinhas me pondo pra baixo mesmo quando faço as coisas certas.

Só me resta dizer:
"Obrigada, Kimya! Obrigada por dizer coisas que eu não sabia como dizer! yeah, nós não estamos sozinhos!Pro inferno com as pessoas em minha cabeça dizendo que sou uma loser!Fiquei boa em me sentir mal, e é por isso que ainda estou aqui!"

sábado, 21 de junho de 2008

A Ignorância.

Se existe uma palavra que me dê nojo só de ouvir, essa palavra é 'ignorância'! Tanto é que a uso sempre com uma conotação super negativa. Tipo pra ofender mesmo alguém que eu-arrogantemente- acredito nem merecer minha consideração, meu tempo e esforço pra expressar minhas opiniões.

Milan Kundera e seu romance 'A Ignorância' me fizeram questionar um pouco esse preconceito contra a palavra. E de fato, mesmo assumindo talvez ser a última a perceber, eu ignorava por força do hábito a complexidade dela.

A história segue a mesma linha dos livros do Milan. Disseca relacionamentos, fala de idas, voltas e discute exaustivamente a saudade e a nostalgia. Define nostalgia como "o sofrimento causado pelo desejo irrealizado de voltar" e a saudade como ignorância. Ignorância é a falta de conhecimento, sabedoria sobre determinado tema. E é exatamente essa falta de alguém, de algum lugar, ou de alguma coisa que nos dá saudade.
Lindo isso, não?

Mas meu entendimento tardio de 'ignorância' não se limita a essa recente simpatia pelo termo antes tão repugnante. E nem um livro tão complexo daquele, se limitou a me propor questionamentos dicionáricos.

O livro é focado no retorno. retorno de dois personagens-Irena e Josef- a República Tcheca depois de mais de vinte anos de exílio político no estrangeiro.


Deixando um pouco de lado os lindos questionamentos sobre passado, presente e futuro ( e também a inúmeras frases marcantes sobre esses assuntos), o que mais me tocou na história foi a dificuldade da volta. O quanto os personagens não conseguiram de forma alguma se re-adaptar a terra natal. Quer dizer..na verdade, o que me tocou mesmo e me deixou com um sentimento de identificação foi o porquê os personagens não se daptaram.

Irena, por exemplo: viu suas experiências, hábitos e novo estilo de vida ignorados por suas amigas. Símbolo disso foi quando seu vinho não-sei-das-quantas foi rejeitado, trocado pela boa e velha cerveja. Ato babaca e clichèzinho pra mostrar 'Hey!Nós, pelo menos, continuamos as mesmas'. E pra piorar, durante toda a noite, complementando o pouco caso que suas amigas fazem pela pessoa diferente que ela havia se tornado, elas desconversam, ignoram, não ligam para os vinte anos de histórias que Irena tinha pra contar.

Com Josef –que havia enterrado a mulher recentemente -a situação foi um pouco diferente, mas volta ainda no mesmo problema da ignorância de quem fica(ou vai,acho que não importa).Ainda elaborando o luto, ele se viu num lugar onde ninguém se interessava por sua mulher, ninguém perguntava por ela e nem a conhecia. Era como se ela nunca tivesse existido, e de fato ela nunca existiu ali. Acredito que quando a gente ama, apagar alguém da memória definitivamente não é a melhor maneira de lidar com a morte.

Bem...é mais ou menos aí que mora minha auto-identificação com o livro. Não que eu queira comparar meus quase um ano e meio(voltando de quatro em quatro meses) fora pra estudar com mais de vinte anos de exílio político.
Mas é que sei lá, perdi as contas das vezes em que ao reencontrar amigos escuto algo do tipo “Mas você já voltou?” ou um simples e seco “e é legal lá?” e “não querendo te mandar embora, mas quando você volta pra lá de novo?”.
Nada de errado com essas frases fúteizinhas-educadas, o problema é que as pessoas tem um certo dom pra IGNORAR as outras. Ignorar que aconteceu muita coisa nesse tempo que fiquei fora. Ignorar que possivelmente eu estou mudada por conta dessa experiência, que vejo as coisas diferente, penso diferente, sinto diferente. Ignorar que talvez eu esteja cansada de responder sempre as mesmas perguntas, mas que existem assuntos que eu adoraria falar sobre. Ignorar até mesmo que eu ignoro totalmente o que aconteceu com quem ficou, e que talvez eu esteja interessada no que eu ignoro. E quando isso acontece, assim como Irena e Josef, eu sinto que uma parte de minha vida foi arrancada. Como se o tempo passado longe não importasse, não existisse agora que estou de volta.

A verdade é que um dos grandes problemas dos relacionamentos humanos é que temos a tendência a ignorar tudo aquilo que a pessoa viveu sem a gente. Ignoramos, e ignoramos por querer! Por defesa de nossa auto-estima, ou simplesmente para ficarmos ao lado de nossa escolha (que quem vai e quem fica geralmente fazem escolhas diferentes) . Mas o fato é que com isso vamos ignorando muita coisa importante, as vezes chegando ao ponto de nos distanciarmos tanto, que não existe mais volta.

Pra consolar...No caso de Irena, tinha uma amiga (amiga mesmo) pra tomar o vinho com ela, conversando sobre coisas significativas. No de Josef, a inexistência de sua mulher em sua terra natal foi insuportável. E ele voltou pra casa (exterior) o mais rápido possível.
No meu caso, tenho pessoas que não ignoram minha vida mesmo quando estou a milhares de quilômetros de distancia. (e como isso ajuda!)
Acho que as coisas sempre se acertam, e uma certa dose de ignorância é saudável. O segredo é deixar o futuro fluir...mas sem ignorar aquilo(ou aqueles) que queremos saber.

Ahhhhh! Sobre minha descoberta dicionárica!!! O problema com a palavra ‘ignorância’ não é a falta de conhecimento sobre o tema, mas sim o fato de que quando usamos a palavra nos referimos a falta de conhecimento proposital.
Ignorante não é quem não sabe, mas quem não quer saber!Por isso que a palavra sooa tão nojenta.

Não sei porque, mas tenho a impressão de que fui muito ignorante sobre a ignorância até agora.

sábado, 26 de abril de 2008

The boy done wrong again.

The boy done wrong again
Hang your head in shame and cry your life away
The boy done wrong again
Hang your head in shame and cry your life away
Are you ok now?
Are you ok now?

On saturday you were an angel shining fair
You shone louder, longer
You put my shine to shame
Put me to shame now
Put me to shame

What is it I must do to pay for all my crimes?
What is it I must do?
I would do it all the time

All I wanted was to sing the saddest songs
If somebody sings along I will be happy now

The woodland spring will put the darkness from your thinking
If this town's your sinking ship
Then you know where to jump

Talking dirty, for a hobby it's fine
So pour another glass of wine
I'll think of england this time

All I wanted was to sing the saddest songs
If somebody sings along I will be happy now




Sempre me recusei a pensar que todos os homens são canalhas babacas que só pensam em sexo. mas diante das circunstancias, fica difícil pensar diferente.
Primeio foi o namorado da minha roommate contando segredos intimos dela pros amigos mexicanos. Depois o Bob partindo o coração da Tila Tequila. E agora o namorado da minha outra roommate foi pego no flagra, com fotos da melhor amiga dela semi nua no computador.

Decepcionante!

Pior que isso, me deixa até aliviada por ser tão exigente e fria e difícil. Pelo menos não tenho que lidar com crianças grandes que destroem relacionamentos sérios por motivos babacas.

***

Study mode this week.

domingo, 6 de abril de 2008

Frases bobinhas.

Minha paixão do momento são frases bobinhas. poesia barata e previsível. palavras pseudo-intelectuais bonitinhas que trazem pra todo mundo uma nostalgia estranha. Frases rápidas, que nos fazem ter vontade de ouvir a música inteira só pra prestar atenção numa pequena parte. Que nos dão a sensação de piada interna, que só a gente entende.
Não tão surpreendentemente achei várias dessas frases nas músicas da Adriana Calcanhoto.

"Eu quero acordar sua família"

"Eu quero roubar no seu jogo"

"Eu já arranhei os seus discos"

"Cores que eu não sei o nome, cores de Almodovar.."

"Eu presto muita atenção no que o meu irmão ouve"

"Ah, eu quero chegar antes"

"Divertindo gente, chorando ao telefone"

"Eu vejo tudo enquadrado, remoto controle"

"Eu gosto de opostos"

"Eu canto, para quem...?"

"porque eu, meu amor, acho graça atém mesmo em clichès"

"Adoro esse olhar blasè, que não só já viu quase tudo, mas acha tudo tão deja vu mesmo antes de ver"

"só proponho aumentar seu tédio"

"Em vez de qualquer algo forte pede água Perrier"

"Adoro sei lá porque"

domingo, 9 de março de 2008

Paranoid Park Versus reality shows.

Quando se trata de Gus Van Sant me pego dividida e bem em cima do muro. Posso elaborar argumentos mirabolantes tanto contra quanto pró: Ao mesmo tempo que me irrito absurdo com a pretenção do cara, me sinto intrigada....e como gosto de pensar que só me intrigo com filmes que vão além de bobagens pretenciosas pseudo-cult, amo Gus Van Sant e espero mais que ansiosamente por seus novos trabalhos (sendo a adaptação de On The Road, com Johnny Depp no elenco, o primeiro da lista).
Mas Paranoid Park nem chegou a me deixar dividida. Não sei se tenho esse direito, mas diria que finalmente o diretor atingiu sua maturidade artística quando se tratando de obras paradas, com ângulos esquisitos e trilha sonora ativamente participativa.
E grande parte dessa 'maturidade' vem do bom desenvolvimento do roteiro que funciona magestralmente desconstruindo a história e se afastando dos fatos principais pra nos permitir entender o que realmente estava acontecendo.
O filme conta a história de Alex, um menino Skatista que acidentalmente, numa brincadeira inconsequente, mata um homem. E não preciso nem dizer que o filme não tem começo, e nem fim. E que nada acontece...
Uma hora e vinte e poucos minutos do desespero, ou melhor, de apatia. E sim...a gente sente na pele o sofrimento de Alex, que de tão grande faz tudo ao seu redor parecer sem importância. E é aí que os exageros cult-forçados de Gus funcionam. Nos mostrando através de closes embaçados, e de músicas mais altas que os diálogos quão longe de sua própria vida Alex está.
Poderia até dizer que o excesso de slow motion, e uso de diferentes tipos de camera são um ponto fraco no filme...mas teria que me redimir e dizer que a música Angeles, do Elliott Smith, usada não para embalar, mas sim para comentar uma das cenas....é de arrepiar.

***
Antes mesmo de assistir Paranoid estava pensando no quanto a sociedade americana(e acho que deveria me incluir nessa) é obcecada por Reality Shows-America's next top model, Girlicious, Project Runnaway, Big Brother, America's best crew, American Idol, shot at love, made..só citando os que eu assisto-que mostram a vida de uma forma intensa, rápida e cheio de julgamentos e psicologias baratas.

Tá...A sábia Grace já disse uns 3 anos atrás em Once and Again que "a televisão só serve pra jogar na nossa cara aquilo que nunca poderemos ser"..
Mas mesmo sabendo o motivo dessa inversão de nomes e valores não consigo parar de pensar em como a vida corre tão 'slow' e é mostrada tão de perto em alguns filmes enquanto ela é vista tão 'speed up', longe e artificial nos reality shows.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Sotaques.

Charlie Wilson's War é definitivamente um tipo de filme que não me atrai. Alias, com um elenco que normalmente me afasta dos cinemas. E com uma cena inicial que quase me fez levantar da cadeira e ir embora: Tom hanks emocionado recebendo um prêmio, aplaudido de pé em frente a uma bandeira gigante dos Estados Unidos.
O suficiente pra alguém desinformado sobre o filme -eu- pensar: "What the Fuck??".
Felizmente essa primeira cena foi apenas o auge de muitas 'piadas' ácidas sobre o governo americano. E a cada cena que passava, mais eu me surpreendia rindo e apreciando uma das mais bem escritas críticas a sociedade americana e sua política (assim como a politica partidária em todo o mundo) sem ética.
Sem contar que juro ter ouvido umas duas vezes a frase : "let's kill some communists!". Humor negro de primeira! ahahahah.
ÓTIMO!ÁCIDO!CÍNICO! são as perfeitas palavras pra definir esse filme IMPERDÍVEL.
Ah...e tem também o final ultra real/conformista que posso usar para confirmar minha teoria de que política é para os corruptos, que embora uns filhos da puta, as vezes tem boas intenções.

***

E falando em teoria, Charlie Wilson's War também comprova minha teoria de que Julia Roberts é a pior atriz do mundo. A tentativa dela de fazer um sotaque sulista é constrangedora, e sua má atuação por pouco não estraga o filme todo. NOJENTO!

***
E falando em sotaques, e só pra causar mais polêmica....
Fontes fidedignas me confidenciaram que o povo da Inglaterra tira mó sarro da Natalie Portman, e seu 'sotaque britânico' em V de vingança.
Ahahahahahahah. Achei ótimo!

***
-Tamiris Diversita- Chama Agata com seu sotaque típico do leste Europeu, que pronuncia o 'R' de um jeito super bonitinho.

-Yeah?- respondi com os olhos ainda fixos em meu computador, sabendo que vinha inutilidade.

-What band are you listening to...?

-Sonic Youth.

-Hum...-completa ela calmamente- I didn't wanna say anything, But it's pretty irritating!

***
Além de Sonic Youth, me apaixonei por Moldy Peaches...tudo culpa daquele filminho pseudo-indie Juno.
Mas Moldy Peaches oferece um post-rock-folk bem LoFi com vocais desafinados e letras excentricas que corresponde a todas as minhas exigencias.



"Without 40 ounces of social skills
I'm just an ass in the crack of humanity.
I'm just a huge manitee.
A huge manitee."

NOTHING CAME OUT-MOLDY PEACHES

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Hype Alternativo.

Quando li que a Scarlett Johansson resolveu investir na carreia de cantora e gravou um cd fui invadida por um sentimento ruim. Droga! Gostava tanto dela! Agora uma das minhas atrizes preferidas, protagonista do filme da minha vida acha que só porque é famosinha pode brincar com o público e ser cantora. Tamanha foi minha raiva que automaticamente pensei em não gostar mais dela, afinal, não importa quem seja a celebridade, essa coisa de cantor tentar ser ator ou ator tentar ser cantor quase sempre acaba de forma ridícula.
E com o coração decepcionado comecei a ler a matéria inteira..e não é que rapidamente tive que torcer meu braço, e mudar de opinião sobre o nova atividade da moça??
Acabou que as músicas do cd dela são todas composições do TOM WAITS!!!! E que os guitarristas que a ajudaram a gravar o cd são NICK ZINNER, e DAVID SITEK, membros do YEAH YEAH YEAHS e do TV ON THE RADIO respectivamente!!!! E como isso já não bastasse pra me deixar quase que curiosa sobre cd, fiquei sabendo que ano passado ela fez uma aparição surpresa no COACHELLA e cantou umas músicas com o THE JESUS AND MARY CHAIN!
Pois é, de primeira "pseudo-intelectual-que-entende-de-mainstream" a jogar pedra, passei a ser fã número 1 da cantora Scarlett Johansson... e já estou até procurando o álbum na net.

Sei que sooa meio ridículo, mas a verdade é que quando a gente vê muito nome 'cult' junto, a gente para de questionar e aceita qualquer coisa.

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EU ODEIO TÊNIS!

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Minha nova mania serialística é o já velho 'My So Called Life'. Que não sai do básico adolescente normal encarando a vida difícil de uma estudante HighSchool. E que assim como outras séries recheadas de acontecimentos realistas e diálogos inrealistas, mas faz chorar em todo final de episódio.
O episódio de hoje foi sobre a figura paterna, e eu teria que escrever uma redação de 10 páginas pra falar sobre todas as situações abordadas nele. Em vez disso prefiro anotar aqui uma frase, pra me lembrar de usar de consolo, caso algum amigo esteja sofrendo com as brigas entre os pais separados:
"Não importa se seu pai está traindo sua mãe com uma garotinha de vinte e poucos anos, o que importa é que ele é o tipo de pai que te dá ingressos pro show do Greatful Dead"

E par terminar com chave de ouro, a adolescente Angela explica que não curte rock clássico antigão...mas que gosta de SMASHING PUMPKINS, and PORNO FOR PYROS!
PORNO FOR PYROS!eu achei que fosse a única pessoa no mundo a conhecer essa banda!

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Back on the Road...

É...a rotina super corrida de minha vida tenística está para começar, meu...tinha me esquecido como gosto daquilo.
Faz tempo que Tenis virou uma coisa meio pesada pra mim, acho que comecei a me cobrar muito, e desde então tenho me mantido distante do antes guiava meu coração(uia, que romântico). Tanto é, que acho que nunca fiquei tanto tempo assim sem pegar numa raquete, e mesmo quando pegava, era algo meio forçado, que não é ruim ou chato, mas Uma coisa meio tipo academia,sabe? que você não reclama de fazer, mas que só faz pra manter a forma.

Mas hoje senti aquele arrepio correndo por meu corpo de novo. No segundo ponto do set, encaixei um saque pensado, calculadamente devagar e com bastante top spin na esquerda da Roxy, e enquanto assistia ela jogando a devolução pra fora, fui invadida por uma sensação de excitação e conforto ao mesmo tempo..algo do tipo: Damn!Como é bom Jogar Tenis!

Não que eu esteja confiante, focada, raçuda, cheia de energia e com pensamentos positivos, e nem que eu esteja jogando bem (que um mês sem jogar traz consequencias), mas ganhar da Roxy é sempre muito bom! (mesmo sabendo que ela voltou da Romenia ontem, e que em poucos dias vai, provavelmente, ganhar de mim de novo.)


Agora...Condicionamento Físico é a pior coisa do mundo! Deveria ser proibido para atletas! Ainda mais as 7 da manhã!


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Quanto a minha aula de Comunicações, está decidido: vou desistir dela, e não vou fazer nem minha primeira apresentação. Todo mundo que eu conto as doideras que o Professor White (e ironicamente, nunca vi homem mais Black que ele) exige dos alunos me diz que a melhor alternativa é desistir mesmo e pegar alguém mais fácil.
Portanto, se por acaso eu não puder desistir e precisar desse aula nesse semestre...ah, daí eu estou perdida e só me resta chorar. Rezem por mim.


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Começo de semestre é sempre a mesma coisa, o vazio musical toma conta de mim.
Será que alguém pode me indicar uma banda boa, porra?
E dicas vindas do Lúcio Ribeiro não valem!


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Ah...assisti o Albergue 2 ontem...e o filme é tão...tão...tão dispensável... que nem sei o que falar.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Short Movie. (ou não)

Sofia C. sai de casa como de costume, caminhando tranquilamente. Sofia é uma garota estranha, apática na maior parte do tempo. Todos seus gestos mostram uma indiferença desconcertante, mas sua mente não nega seus sofrimentos, e sua voz revela quase que sempre sua insegurança.

Veste All Star surrado, uma calça confortavelmente deselegante, e uma camiseta preta de uma banda qualquer, comprada por 5 reais numa lojinha suja e abafada. Nas costas sua mochila de estudante, nos braços seu Laptop de estudante, e no ouvido fones ligados a um Ipod pra confirmar que é uma estudante comum.

Ouve música desconhecida numa altura que deveria ser menor. Cantarola mentalmente as letras depressivas exageradas . Não pensa em muita coisa. Não vê muita graça. Curte uma melancolia eterna, pensando se algum dia vai se acostumar consigo mesma.

Nunca vai deixar de lado sua mania de querer ir contra tudo que é normal, e se joga vulgarmente numa busca sem fim por uma vida que não persegue, pois tem preguiça.

Tenta coordenar os passos enquanto caminha na linha do trem sob a ponte. Mas os trilhos são muito próximos para uma caminhada normal, e muito distantes para serem pulados de dois em dois.

Seu corpo se esquenta no calor de 35 C, e Sofia tenta guardar o calor pra si. Sente seu cabelo recém lavado se secar rapidamente e se umidificar ao mesmo tempo com o suor. E prefere essa sensação quente e fatigante ao frio que sente nos ossos, na maior parte do dia.

Então olha pra trás e vê o trem se aproximando a poucos metros. Como é que pôde não perceber o barulho, o tremor do chão? Provavelmente estava desatenta, e confundiu a vinda do trem, com o tráfego de carros embaixo da ponte. Tarefa não tão difícil pra alguém que dá mais importância o som que sai dos fones de ouvido do que para o mundo a seu redor.

Ainda no meio da linha , pára. Calcula se ainda é possível se salvar. Pensa no que teria que fazer pra que não se machuque. Está tão estupefada com a surrealidade da situação que flerta com um desfeixo trágico. Ainda há tempo.

Mais uma vez cambaleia no trilho irregular. Pensa no Laptop em baixo de seu braço, que acabou de comprar junto a um Case macio de tecido sintético, que de tanto ser carregado em baixo de seus braços sob um sol imponente, já cheira a chulé.

Joga o Case com o Laptop pra fora da linha do trem.Continua parada. Não abre os braços, não sorri.Nem sequer se mexe. Não grita, nada! Só pensa que seu computador esta a salvo.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Momento I Love Brazil


Voltando à realidade. e a realidade sucks!
Demorei uns 4 meses, quase que exatos, pra me acostumar com a vida aqui, com os finais de semana cheios de uma tv solitária, com minha comida com gosto de plástico, e com as conversas em inglês que as vezes pecam na espontanedade.
E daí, o que aconteceu? Família chega aqui e num prazo de minutos desaprendo tudo, e parece que nunca me separei dela nem por um segundo.
Foram uns 20 dias em que me senti verdadeiramente em casa, de verdade!
E agora luto contra esses 5 dias que me restam até minha vida pegar uma ritmo pesado de novo, e passar rápido até o meio do ano.
Damn!Ficar longe da família é foda!

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Não Por Acaso

Eu sempre disse que gostava de cinema brasileiro. e de fato, sempre gostei mesmo. Só que nunca encontrei um filme nacional bom que não fosse sobre a pobreza do Brasil. Aliás, sempre atribui a incapacidade brasileira de fazer comedias, romances, filmes contemporâneos sem conteúdo político ao fato de que cinema, por sua definição, é um vídeo-retrato artístico da sociedade. Logo, se vivemos em um país cheio de pobreza, nosso filmes deveriam ser sobre isso.
Mas Selton melo com seus Lavoura Arcaica e Cheiro do ralo veio pra me deixar confusa.
E não por acaso
veio pra me calar a boca!

não sabia se babava pela maravilhosa simbologia, e metáfora de vida que o filme apresenta através dos originalíssimos focos do
jogo de sinuca e do trânsito. Ou ainda se babava na atuação mais que tocante do Rodrigo santoro que fez de um tipo esquisitíssimo um dos personagens mais humanos da nossa história cinematográfica.

Isso tudo sem falar na fotografia que enriquece São Paulo de um tanto que nos deixa seguros de que temos uma metrópole tão linda que dá pau até em muita cidadezinha charmosa da Europa.

E ainda sem mencionar que o filme também é de um romantismo descomunal: Com o final mais feliz/realista de todos. e cheio de cenas ingênuas que provocam lágrimas em nosso olhos.

Way to go, Brasil, way to go!


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Termino este post informando que daqui dos States estou na torcida pelo Xande, o candidato de Limeira no BBB8!